terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Gene Hox

            Como é que partindo de uma única célula, sem cabeça, sem cauda, sem esquerda nem direita, chegamos a algo que se encontra perfeitamente ordenado: cabeça, braços e pernas no sítio certo…como é que essa ordem é introduzida? Como é que se passa de uma mosca perfeitamente vulgar a uma mosca que no lugar de antenas tem pernas? Algo correu mal no processo de desenvolvimento deste ser e isso diz-nos algo acerca de como as várias partes são colocadas nos sítios certos.
            Os genes Hox são encontrados aglomerados nos cromossomas da maioria dos animais. Estes genes dirigem o desenvolvimento dos diferentes segmentos a nível do eixo cabeça – cauda de vários animais.
            Cada gene é activado, por transcrição, numa região específica ao longo do eixo cabeça – cauda, controlando o crescimento de tecidos nessa zona. Os genes Hox fornecem um “endereço” a nível deste eixo e servem para dirigir informação acerca das estruturas correctas para cada lugar. Mutações que afectem os genes Hox poderão fazer com que certas partes se formem nos locais errados, ou em duplicado, ou simplesmente não se formem. Por exemplo, nas Drosophila melanogaster (mosca da fruta), uma mutação nestes genes poderá fazer com que um par de pernas surja no lugar de um par de antenas ou então com que surjam dois pares de asas. Já nos ratos, poderá fazer crescer um par de costelas extra. Aqui, é visível uma certa analogia entre os genes Hox nos diferentes seres: são as mesmas peças para formar estruturas diferentes.
            Em conjunto com mais genes, e devido a repetições de padrões de sinalização e de controlo a nível da transcrição, obtém-se o padrão final do membro. No caso da nossa mão, por exemplo, ao mesmo tempo que esta cresce, as novas células são expostas a uma mistura de sinais pré-existentes. Eventualmente, a apoptose (morte celular programada) é desencadeada em células específicas, removendo a membrana existente entre os nossos dedos.